24 julho 2012

Breve volta ao mundo em 30 dias: Egito

As pirâmides egípcias | Fonte: Flickr

Após a breve pausa para as votações, com considerável maioria dos votos, damos continuidade à nossa viagem por terras muito distantes, tanto em aspectos geográficos quanto culturais, em relação ao nosso Brasil varonil. Vocês pediram e trago-lhes hoje, desta maneira, um breve e curioso resumo sobre a importância que um dos berços de nossa civilização vem exercendo há milhares de anos em todo o mundo: o Egito.

Um exemplo da arquitetura egípcia | Fonte: Tumblr
Com uma história que data de aproximadamente 4000 a.C., o país já passou por diferentes períodos históricos, caracterizados tanto por dominação quanto por subordinação a outros impérios, em determinados momentos. São egípcias, por exemplo, as famosas dinastias de faraós, responsáveis por caracterizar eras de organização do governo nas quais o mundo viu surgir avanços tecnológicos (para a época) inimagináveis e empregados em nossos cotidianos até os dias de hoje.

Não apenas neste período, mas essencialmente durante a terceira e quarta dinastias faraônicas, foram erguidas as pirâmides de Gizé, das quais as mais conhecidas por todo o mundo são as de Quéops, Quéfrem e Miquerinos; iniciou-se a fundição em bronze; surgiram os primeiros carros de guerra, como também projetos extremamente bem planejados em funcionamento de irrigação canalizada do Rio Nilo (principal afluente egípcio), a construção de templos exemplares para a arquitetura moderna, um conhecimento muito rico sobre a anatomia humana e a medicina - em geral -, a escrita pictográfica (caracterizada pelos famosos hieróglifos), o calendário lunar e o desenvolvimento de técnicas elementares para a Matemática, a Álgebra e a Geometria.

O Egito, antigamente, foi tão grande que chegou até a compreender os territórios que hoje pertencem à Síria e à Palestina. Apesar de ter vivido períodos muito prósperos por seus notáveis avanços conhecidos por toda a História, a realidade do Egito moderno é um pouco diferente, sendo este um dos países empreendedores das Revoltas Árabes em que o futuro dos regimes teocráticos islâmicos pode estar abalado e, juntamente a ele, a segurança dos povos residentes dessas regiões.

Fonte: Pinterest
Informações gerais
Situado no continente africano e tendo como nome oficial República Árabe do Egito, o país abriga, de acordo com o censo de 2008, cerca de 81 milhões de habitantes. Sua capital é a famosa cidade de Cairo na qual encontram-se famosos museus da história egípcia e as mais importantes instituições culturais do país, como universidades e bibliotecas. Por estar ao norte da África, apresenta algumas características em comum com outras nações da região, das quais destacam-se um nível de vida um pouco superior à pobreza assoladora da África Subsaariana. Seu IDH é tido como médio, a moeda é a libra egípcia e o idioma oficial é o árabe, apesar de uma considerável parcela da população também falar inglês pela ação colonizadora do Reino Unido.

Uma múmia encontrada no Peru, semelhante às egípcias | Fonte: Acemprol
A crença na vida após a morte, mumificação e Tutancâmon
Um dos fatores mais interessantes - e mórbidos, diga-se de passagem - na história egípcia é o processo de mumificação desenvolvido há milhares de anos através de técnicas que, até hoje, apesar de raras, podem ser utilizadas na medicina para a conservação de corpos.

A prática teve seu início aproximadamente em 3000 a.C., quando os egípcios observaram que o clima árido do deserto fazia com que os mortos demorassem mais a se desintegrar, o que resultou em muitas mumificações naturais, estas das quais ainda no século XX tinham-se múmias que reproduziam quase sem deformações orgânicas os corpos dos moribundos. Alguns séculos mais tarde, a descoberta, no Egito antigo, aliou-se às crenças politeístas na vida após a morte, baseadas na teoria de que o corpo era composto de matéria e de um "ka", força que vivia dentro de nós, permanecendo de maneira imortal e a qual deveria ligar-se ao corpo conservado para fazer a jornada, da tumba, para a vida após a morte. Esta jornada, por sua vez, era realizada pela união do "ka" com o "ba", a personalidade, em direção ao infinito (céu, sol e estrelas) no qual os mortos renasciam como um espírito "akh" e viviam pela eternidade.

A partir dali, a mumificação passou a ser empregada por famílias de alto poder aquisitivo, especialmente faraós, que eram enterrados como múmias, juntamente a seus pertences mais valiosos em tumbas gigantescas. As próprias pirâmides serviram de abrigo para estes mortos nobres e sua construção em meio aos desertos não foi à toa: seus picos eram alinhados propositalmente com constelações que auxiliariam na jornada do "ka" e do "ba" para a vida eterna. 

A Tumba de Tutancâmon | Fonte: Belas Artes Médicas
Em um resumo, o processo de mumificação consistia, primeiramente, em injetar um material ácido pelas narinas do morto diretamente no cérebro para que esse, por sua consistência facilmente deteriorável, fosse derretido e extraído novamente pelo nariz em estado líquido. Depois, através de um corte feito no abdômen, retiravam-se as vísceras do cadáver como coração, fígado, rins, intestino, baço e bexiga. O corpo, então, era deixado para repousar num vasilhame com água e sal para ocorrer, duplamente, desidratação e desinfecção, durante cerca de 40 a 70 dias. Uma vez desidratado, era aberto e preenchido por serragem, ervas aromáticas e textos sagrados. Enfim costurado, recebia uma camada de 20 ataduras de linho para ser sepultado juntamente com seus bens preciosos e alguns amuletos considerados de boa sorte para a passagem, como o Olho de Wadjet (proteção), o Escaravelho (impede que o coração se separe do corpo), o Nó de Ísis (pede segurança para a deusa Ísis) e Ankh (para superar os obstáculos da vida).

Muitas múmias do antigo Egito foram encontradas por nossa civilização moderna em estado de conservação admirável para milhares de anos. Entre elas, a mais conhecida, entretanto, é a do faraó Tutancâmon, famoso por ter morrido ainda na adolescência (com cerca de 19 anos) e por carregar consigo um verdadeiro tesouro de ouro e artefatos antigos em sua tumba. A mumificação também era empregada em alguns animais, como cachorros e outros.

A falsa beleza da Cleópatra eternizada nos cinemas por Elizabeth Taylor | Fonte: Tumblr
O Egito e os mitos ocidentais
Por ser o berço de algumas culturas muito distintas das nossas, é comum que tenham se difundido, com o passar dos tempos, mitos sobre a história egípcia e alguns misticismos, estes espalhados, por exemplo, pela larga indústria de filmes hollywoodiana em que múmias (mais para zumbis) e antigos faraós convivem em antagonismo com humanos. Podemos observar esta presença, por exemplo, na famosa série A Múmia, protagonizada por Brendan Fraser e Rachel Weisz, na qual ambos são arqueólogos em viagem ao Egito e, através de uma leitura em voz alta do Livro dos Mortos, acabam por evocar a presença de uma múmia adormecida, Imhotep, responsável por trazer horror e até mesmo as 10 pragas egípcias juntamente a si.

Dos mitos do país, o mais famoso, contudo, é certamente aquele que ronda a existência de uma rainha criada pelo imaginário ocidental em que a Cleópatra teria sido uma bela e libertina mulher, responsável por seduzir Marco Antônio e tantos outros egípcios que teriam ido à ruína por ela. Muito pelo contrário, contudo, a história demonstra que a mulher, primeiramente, era grega, advinda de uma linhagem de ptolomaicos que lhe conferiam características típicas ao rosto, como queixo e nariz proeminentes responsáveis por fazer dela não exatamente um padrão de beleza. Também engana-se quem pensa que tenha sido uma rainha da libertinagem pois, segundo consta, seus únicos homens teriam sido, de fato, seus maridos, César e Marco Antônio.

O Rio Nilo | Fonte: Facebook
Curiosidades
- No Egito antigo, acreditava-se que o 13º dia da segunda parte do período de plantio era um dia de azar. Segundo os egípcios, era neste dia que a deusa Sekhmet lhes enviava doenças e pragas (é 13 desde aquela época).
- Também o mito de agouro de morte em sonhos com dentes veio do Egito.
- O Canal de Suez, localizado no Egito, é o maior de todo o mundo e uma importante rota para o comércio do país.
- As palavras cruzadas nasceram há cerca de 2000 anos em território egípcio.
- Uma das frutas mais comuns no Egito é a tâmara. Um fato curioso sobre ela é que, para estar totalmente pronta na tamareira, demora cerca de 150 a 200 anos.
- Vocábulos como alquimia, química, papel, gazela e girafa são de origem egípcia.
- Estima-se que o deserto do Saara aumente cerca de 6070 km por ano.
Jovem protestando na revolta egípcia | Fonte: n-tv
- O Rio Nilo é o segundo maior do mundo. Nasce nas montanhas da África Central e deságua no Mar Mediterrâneo.
- A bebida mais tradicional no Egito é o Karkadeh, um chá feito de flor de hibíscus que protagoniza até mesmo as barganhas feitas entre comerciantes.
- Após a queda do ditador Hosni Mubarak, em 2011, as primeiras eleições democráticas no Egito foram realizadas neste ano e resultaram na vitória de Mohammed Mursi.

Fontes:







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