07 julho 2012

Tudo o que ela sempre quis, de Barbara Freethy

"- Parece coisa fácil, segundo você. Não deveria me surpreender. Sempre foi bom em conquistar o que quer - ela resmungou.
- E você também.
Ela lhe deu um sorriso de arrependimento.
- Exceto você. Nunca o conquistei.
Ela mal podia saber que chegara mais perto disso do que qualquer outra mulher."
p. 101
Em mais uma edição da mania de julgar um livro pela capa, olhei para "Tudo o que ela sempre quis" e pensei: romance juvenil, provavelmente. Creio que pela leveza com a qual a moça caminha e pelo próprio nome, fosse mais uma dessas histórias convencionais das quais nos acostumamos a gostar. Fiquei muito contente, entretanto, ao concluir que, apesar de ter uma inegável veia romântica, tratava-se de algo muito maior: amizades antigas e uma volta ao passado para revelar os segredos de um terrível acidente, que talvez não tenha sido acidente, afinal.


Natalie, Madison, Laura e Emily viveram momentos de muita alegria ao se conhecer na universidade e compartilhar da moradia na qual cultivaram laços muito fortes de confiança e dedicação. Unidas especialmente pela personalidade extrovertida de Emily, a mais inocente delas e com uma vontade feroz de viver, as Quatro Fantásticas desfrutaram de todas as aventuras universitárias possíveis num curto período de um ano e meio quando, numa noite de festa, uma terrível tragédia resultou na morte de Emily e as afastou para sempre. Após escorregar e cair do terraço de onde moravam, a jovem alcançou o chão sem vida, abalando não somente as garotas, mas todos que a adoravam, incluindo seu irmão Cole, que ficou transtornado com os fatos e o qual vivia um romance intenso com Natalie, acabado depois da perda; Dylan, seu melhor amigo, de uma devoção inabalável, pelo qual Madison nutria interesses secretos; e também Josh, irmão deste e amigo de todas elas.

Nossa história, entretanto, começa dez anos depois do acidente, com as personagens vivendo períodos diferentes de suas vidas, com uma incontestável ligação ao trágico passado. Natalie, que é a protagonista do livro, tornou-se uma médica e fechou seu coração ao amor após ter sido tão magoada pela separação de Cole. Ele, por sua vez, realizou seu grande sonho profissional, ficando à frente do jornal da família em San Francisco, mas sem viver quaisquer casos sérios no âmbito pessoal. Madison, a mais bela entre as quatro e que sempre teve potencial de sucesso, acabou na carreira de promotora, viajando pelo mundo, também vivendo relacionamentos superficiais, tendo abandonado dois noivos ao altar. Laura, por sua vez, casou-se com Drew, seu primeiro namorado na faculdade, um advogado ambicioso que acabou fazendo da vida dela algo terrivelmente tradicional, voltado apenas aos cuidados com a família e as duas filhas, sem qualquer ambição profissional. Dylan, misterioso e introspectivo desde jovem, tornou-se um famoso ilusionista. Josh, ao lado de Cole, virou jornalista esportivo, levando normalmente a vida de solteiro. Separados, cada um em seu percurso, um infeliz causo os une novamente com a publicação de um best-seller chamado Fallen Angel, escrito por um tal de Garret Malone que parece, em cada uma das páginas, através de nomes com as mesmas letras iniciais dos seus, narrar a história das Quatro Fantásticas e da morte de Emily, insinuando, contudo, que ela não tenha morrido por uma queda, mas por um empurrão partido de ninguém mais, ninguém menos que Natalie, sua melhor amiga.

A vida da médica, a partir daí, converte-se num verdadeiro caos, ainda mais depois de a mesma se encontrar acidentalmente com Cole e, num simples olhar, todo o sentimento guardado por 10 anos, parece brotar de seus corações feridos e, juntos, também com o reencontro de Madison e Laura, passam a buscar pelas verdades que se escondem por detrás daquele livro e, ainda, pela verdadeira identidade de Garret Malone para conhecer tanto de suas vidas e acusar Natalie injustamente, pondo em risco até mesmo sua carreira na medicina.

"Tudo o que ela sempre quis" é um daqueles livros eletrizantes, que deixa seu leitor alerta todo o tempo, suspeitando de qualquer personagem que aparece pelo caminho de Emily no passado e torcendo pelos romances que, sutilmente, são inseridos em meio ao mistério. Numa narrativa em 3ª pessoa centralizada em Natalie, temos também oscilações que focam em Madison e Laura, criando sempre uma centelha de dúvida e de predileção por algumas personagens. De minha parte, por exemplo, apesar de ter achado, em dado momento, que todas tinham motivos para matar Emily, não pude deixar de me envolver com o romance conturbado entre Natalie e Cole, cheio de problemas, mágoas e dúvidas entre os dois que, no entanto, não conseguiram ser superiores à atração e ao desejo de se unirem como antes.

Quando comecei a leitura e como muitos outros que estiverem lendo esta resenha, talvez tenha sido possível fazer uma analogia entre a história das Quatro Fantásticas e Emily e a trama que ronda a série Pretty Little Liars, com Alison, mas garanto que trata-se apenas de uma coincidência, pois a premissa redigida por Barbara Freethy é, neste caso, extremamente distinta. Emocionante, instigante, misteriosa, romântica e envolvente, cheia de segunda chances para a vida, "Tudo o que ela sempre quis" tem todos os elementos necessários para tornar-se uma daquelas leituras que valem muito, muito a pena.
"Madison sentiu no seu tom de voz que ele a amava e era muito forte esse amor, muito poderoso, de tirar o fôlego. Nunca ninguém a amara daquele jeito. Era algo de outro planeta. Talvez fosse isso mesmo, porque ambos, Emily e Dylan, sonhavam com outro mundo desde crianças."
p. 216

Informações técnicas
Título: Tudo o que ela sempre quis
Título original: All she ever wanted
Autora: Barbara Freethy
Tradução de: Maysa Monção
Editora: Novo Conceito (cortesia)
Número de páginas: 320
ISBN: 978-85-8163-020-5
Gênero:  Literatura norte-americana; Romance policial; Romance

Barbara Freethy é autora best-seller de 30 romances. Em 2011, ela começou a publicar, por conta própria, seus livros e vendeu 1.5 milhões de livros. Nove de seus livros apareceram na lista de best-sellers do USA Today por 41 semanas e muitos deles apareceram, também, na lista do The New York Times. Tudo o que sempre quis é um de seus best-sellers.



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