10 maio 2013

No Escuro, de Elizabeth Haynes

Até onde vai o amor? Até onde vai a obsessão de alguém? O quanto uma pessoa pode viver na escuridão?

Catherine vive uma vida agitada e normal. Até conhecê-lo. Ele é o tipo de cara que é sonho do toda garota. Cuidadoso, atencioso, fofo, preocupado e superprotetor. Mas, como dizem, tudo em excesso faz mal. Lee é perfeito, até demais. Só que toda essa perfeição não passa de um rótulo, já que, a partir de um determinado momento, ele começa a demonstrar seu verdadeiro eu: paranoico, ciumento e controlador. Assim, Lee começa a controlar a vida de Catherine.Segue-a pelas ruas, controla seus horários, controla o que ela faz ou deixar de fazer e controla até mesmo as roupas que a moça usa.

À medida que Catherine fica mais tempo com Lee, mais presa a ele permanec, com mais dificuldade de se retirar da relação. O pior de tudo é que Catherine está sozinha nessa, nem com as suas amigas pode contar mais.

Paralelamente à narrativa de Catherine sobre seu relacionamento com Lee, existe uma protagonista que vive o presente, onde Lee está preso. Não vou contar aqui os motivos e o que o leva a ser preso, isso já seria spoiler. Só que é claro que o relacionamento absurdo que ela tinha com Lee apenas poderia deixar péssimos rastros para trás. E é o que acontece, por causa do vilão, Catherine desenvolve TOC (Transtorno obesessivo compulsivo), uma doença que a faz desenvolver a obsessão de, por exemplo, verificar todas as trancas da casa e se está tudo realmente fechado.

Em meio à rotina de TOC, a personagem conhece Stuart, o seu novo vizinho. Assim, eles começam a desenvolver uma amizade, na medida do possível, visto que Catherine nunca mais será a mesma após seu relacionamento com Lee.

Em fragmentos, Catherine vai nos contando sobre seu relacionamento com Stuart, com Lee, sobre sua vida, e sobre o seu passado. Duas realidades diferentes que paulatinamente vão se encontrando.
"Sempre achei que mulheres que continuavam levando adiante um relacionamento violento e abusivo só podiam ser umas idiotas. Afinal, em algum momento elas deveriam ter percebido que as coisas tinham saído errado e que, de repente, haviam passado a sentir medo do parceiro — e, sem dúvida, era este o momento de terminar a relação. Deixá-lo sem pensar duas vezes, foi o que sempre pensei. Que motivo elas teriam para continuar? E eu já vira mulheres na televisão ou em revistas dizendo coisas como “Não é tão simples assim”, e eu sempre pensava, claro que é, é simples, sim—apenas vá embora, afaste-se dele.
Somando-se a esse momento de percepção, um momento pelo qual eu já passara, notei que se afastar não era uma alternativa simples, afinal de contas."
O livro é um relato explícito e fiel sobre a vida de alguém com TOC e sobre a vida de alguém que sofreu muito nas mãos de outra pessoa. Não o leia se você não tiver estômago forte para isso. A leitura tenta nos passar uma ideia da realidade da vida de pessoas com esse tipo de trauma. E acredite, a vida delas não é nada fácil, muito menos a história que carregam consigo. A narrativa é sombria, densa, instigante e pertubadora.

O final do livro pode deixar a desejar para alguns. Eu, por exemplo, me dei por satisfeita com ele. E acho que foi um bom final, além de que o condiz demasiadamente com o estilo do livro. Acho que não poderia ter sido diferente.

Karine Pestana

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