09 maio 2013

Traços do Nordeste brasileiro nas xilogravuras de J. Borges



Enxada na terra desde a infância sob o sol escaldante nordestino e, acima de tudo, trabalhador de árduas jornadas, José Francisco Borges não nega as fortes origens. Nascido a 1935 em Bezerros, Pernambuco, na terra do frevo e do maracatu, ficou conhecido mundialmente pela assinatura J. Borges, que acompanha desde 1964 os rodapés de xilogravuras e cordéis já vistos e prestigiados em todo o mundo.

Sua história como artista, na verdade, começou de maneira inusitada. Frequentador da escola por pouco mais de um ano, Borges, aos 29, apreciava a literatura de cordel, mas tinha vergonha dos versos que escrevia. Certo dia, contudo, criou a xilogravura que seria gravada por Mestre Dila no cordel "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina". A repercussão positiva do público fez com que, a partir daí, o artista se dedicasse intensamente a esta forma de literatura folclórica.

O seu trabalho, que teve como padrinho o escritor Ariano Suassana, foi levado ao conhecimento do meio acadêmico e muito celebrado dali em diante. De maneira típica, cheia de alegorias e de riqueza, J. Borges representa em seus cordéis traços comuns da cultura e do cotidiano do povo nordestino, como os personagens Lampião e Maria Bonita, o sagrado e o profano, os crimes, o diabo, o cangaço, as lendas populares e a vida do sertanejo, de maneira geral, com todas as suas alegrias e dificuldades.

Antigo oleiro, mascate e trabalhador da lavoura, J. Borges consagrou sua arte com a madeira, como xilogravador. Atualmente, é patrimônio vivo de Pernambuco. Ao longo de sua carreira, ainda, foi homenageado com um memorial que leva seu nome artístico em Bezerros, estampa do ano de 2002 no calendário das Nações Unidas, ex-vizinho de Monalisa no Louvre, abertura da novela Roque Santeiro e autor do celebrado Auto da Compadecida. Mas se orgulha de levar vida simples, com um ateliê à beira da estrada, perto da terra em que fincou suas raízes e eternizou personagens.

Mudança de Sertanejo, 1999: Inspirado pelo cotidiano do nordestino, o artista retrata a vida dos retirantes.























Cavalo Marinho, uma das obras mais conhecidas do autor


A figura e o fascínio da professora em meio ao sertão
J. Borges, apesar de todo o sucesso, já declarou não entender o motivo de seus "desenhos ruins" terem tanto prestígio

Casamento Matuto: vocábulo tipicamente usado pelo nordestino, as figuras religiosas, o sol e o burro
A Bela e a Fera


Uma das danças típicas nordestinas, o Forró também aparece em seus cordéis

A expressão folclórica de Borges fica evidente em seu trabalho

Diretamente do cangaço, Lampião e Maria Bonita
E para tantas criaturas, eis um criador. J. Borges | Foto: Arte Popular Brasil

Com técnicas próprias para colorir suas xilogravuras, J. Borges é um dos artistas mais significativos para a cultura nordestina.


Fontes:
Arte Popular - O artista do sertão, em Revista Época
J. Borges, em Wikipédia
Desenhos de 20 reais no Louvre, junto com Boticelli e da Vinci, em Almanaque Brasil

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